09/04/2011

FOTOGRAFIAS
[Eriem Ferrara]
Em meus guardados há tempos esquecidos encontro um velho álbum, com saudosas fotografias de pessoas queridas, algumas das quais até já partiram.
A meninada cresceu, tornaram-se adultas, até eu ali estou, criança cheia de pose, agora também crescida – Será? ainda me sinto tão menina, rs... Vestido branco com viés azul, estilo marinheiro. Lembro que minha mãe deu-me de presente para usá-lo especialmente no batizado da minha irmãzinha. Sentia-me tão elegante naquele vestidinho e o laço de fita nos cabelos – que graça! É o tempo passa cada um toma seu rumo, segue seu destino. Uns se sobressaem, outros “estacionam no tempo”, mas isso não tem relevância, o que vale, são os momentos que vivemos ali todos juntos, os valores repassados por nossos pais, isso sim, foi importante pra todos nós.
Revendo tudo isso bateu uma saudade imensa não só dos que se foram, mas daquela imensa casa velha, com seu quintal cheio de árvores frutíferas – laranja, mamão, abacate e tantas outras... o corre-corre da molecada, as brincadeiras, até os “castigos” impostos me lembrei.
Nossos pais eram super bacaninhas, considerados “modernos” para sua época, mas sabiam ser “bravos” quando necessário tipo “Quem Ama Educa” (Içami Tiba). Diziam que se não nos ensinassem a retidão, com certeza a vida nos ensinaria de uma forma deturpada. Atitude sábia a deles, hoje percebo isso claramente. Bons tempos aqueles, quando bastasse um olhar dos pais para que percebêssemos que nossa conduta não estava agradando-os. Respeito naquele tempo era a condição máxima para vivermos todos em harmonia. Época do bença mãe, bença pai; época do pedir desculpas aos irmãos, coleguinhas e principalmente aos mais velhos por qualquer falta cometida, ah, além do pedido de desculpas ainda tinha que abraçá-los, isso era cruel (riso).
São tantas as lembranças, melhor parar por aqui, nesse momento, sou toda saudade e emoção.
ALÉM DA JANELA
[Eriem Ferrara]
Fim de tarde tranqüilo, sossego absoluto, pensamentos em devaneios permito-me sonhar...
Debruçada sobre a janela aprecio a chuva que mansamente cai nos vastos campos da fazenda - o vento é frio e os respingos da chuva molham meus cabelos. Ergo os olhos rumo ao horizonte e para meu espanto visualizo a silueta de um homem alto, esguio, de capa e guarda chuva parado a uma distância considerável olhando em minha direção – melhor dizendo, olhando para mim. Um pouco intrigada fiquei ali observando aquele homem. Minutos intermináveis se passam e o belo homem lá parado, nenhum passo, nenhum movimento.
De certa forma pressinto que aquele homem tem algo a ver comigo, mas não sei bem o que é. Com base nesse pensamento tomo uma decisão... Penso, vou até lá, quem sabe ele está com algum problema e precisa de ajuda (pretexto), afinal aqui é uma fazenda e ninguém fica assim, parado sem mais, nem menos debaixo de chuva.
No momento em que eu ia deixar a janela rumo à porta eu acordei – rsrs...